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É possível trabalhar muito e se estressar pouco?
Além de capitanear uma empresa de consultoria, Luiz Otavio da Silva Nascimento também é sócio em mais três negócios: um portal de esportes, um aplicativo que facilita o acesso a serviços de call center e uma fazenda que produz café e leite em Minas Gerais. Para completar, é escritor, professor, colunista e palestrante. Mesmo assim, ainda tem tempo para ir ao cinema duas vezes por semana, fazer mais de uma viagem de passeio por ano, praticar esportes e participar de eventos familiares.
O administrador é o exemplo perfeito de profissional que consegue trabalhar muito sem sucumbir ao estresse. O segredo, segundo ele, está na administração do tempo.
— Eu evito perder preciosas horas em viagens para reuniões. Troquei a incomodação dos aeroportos por conferências à distância. Pela manhã, começo falando com a Europa, depois falo com várias regiões do Brasil e termino meu dia com o pessoal nos Estados Unidos — detalha Nascimento.
Para André Caldeira, autor do livro Muito Trabalho, Pouco Stress, não há uma fórmula para harmonizar carreira e bem-estar. Entretanto, algumas atitudes — como autoconhecimento e disciplina — podem fazer a diferença na vida de quem busca esse equilíbrio.
— Antes de tudo, o profissional precisa reconhecer seus limites e entender quando o trabalho passa a ocupar todas as esferas da nossa vida. Depois, é se organizar e levar tão a sério os compromissos consigo mesmo como leva as tarefas de trabalho — sugere Caldeira.
Na avaliação de Margarita Morales, especialista em carreira da Homero Reis e Consultores, é fundamental compreender a origem do problema para combatê-lo. De acordo com a consultora, há o estresse gerado pela expectativa por resultados, pela dificuldade em lidar com as próprias emoções e pela incapacidade de alinhar os seus valores aos da empresa.
— Há pessoas que exigem demais de si mesmas, aquelas que não sabem superar frustrações e as que sofrem crise de identidade por não conseguir ver coerência entre o que esperam dela e o que ela realmente gostaria de ser — resume Margarita.
Os esforços pessoais contam muito para a qualidade de vida do profissional. Mas as empresas também podem se empenhar para amenizar os sintomas de estresse. Na Humanize Imóveis, por exemplo, a ordem é compartilhar problemas, soluções e experiências.
— O nosso trabalho tem por essência a solução de conflitos entre inquilinos e proprietários. Como essas questões costumam ser recorrentes, fazemos reuniões diárias de trocas de experiências — conta André Abreu, diretor da empresa.
Níveis de bem-estar
Pesquisa realizada pela Unimed em Porto Alegre avaliou o Índice de Bem-Estar (IBE) na população da Capital. Entre os fatores que impactam a felicidade, foi avaliada a relação com o trabalho — que aparece em quinto lugar em importância para os entrevistados. Os entrevistados deram notas de 0 a 100 para cada quesito. Confira alguns dados.
l Maiores níveis de bem-estar são encontrados em pessoas de nível de ocupação superior. Aposentados têm nível de bem-estar próximo ao desse grupo.
— Por faixa etária, observa-se que os mais velhos apresentam IBE mais alto (83,2 na avaliação dos entrevistados com 70 anos ou mais) do que os mais jovens (66,1 para as pessoas até 20 anos).
— Desempregados têm níveis de bem-estar bem inferiores aos dos demais grupos.
— O IBE das mulheres (69,9) em relação ao trabalho é mais alto do que o dos homens (65).
— A classe D, com 55,4, apresenta índice menor de satisfação profissional do que a classe A (74,3).
A importância das dimensões no IBE
1º Bem-estar psicológico 76,5
2º Avaliação da vida 68,2
3º Bem-estar físico 63,6
4º Autonomia e liberdade 72,4
5º Relação com o trabalho 67,5
Práticas para buscar o equilíbrio
— Faça o cálculo de quanto tempo você gasta no dia para trabalho, sono e vida pessoal.
— Tenha a mesma disciplina que dedica ao lado profissional para as suas atividades de lazer e saúde.
— Estabeleça prioridades.
— Mantenha a organização da agenda, alternando compromissos de trabalho e pessoais.
— Pergunte para seus amigos e familiares se eles estão realmente satisfeitos com o tempo que você dedica a eles.
— Não fique 24 horas conectado à empresa. Desligue-se do smartphone e evite checar os e-mails de trabalho nas horas de folga.
— Não leve as preocupações do trabalho para casa, nem os problemas de casa para o trabalho.
— Não deixe para depois o que você pode fazer agora. Evite, assim, o estresse dos prazos.
— Procure não falar de assuntos de trabalho nos horários de intervalo.
— Não descuide da saúde. Faça exercícios, alimente-se bem e vá ao médico com frequência.
— Planeje suas férias.
Maria Amélia Vargas
Fonte: Zero Hora – RS
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